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20.3.12

Encontro sentir os pulsos no céu de ramos em que se tornou o jardim. Esta é a casa onde nasci e os cantos têm ainda o bolor da juventude e o cheiro a copos partidos. Dou por mim a abrir e a fechar o portão, as janelas de guilhotina, afasto as cortinas, todas as portas sem chave, subo as escadas de criptoméria húmida, abro e fecho as malas atrás dos olhos  para encontrar aquela polaroid descolorada em que os teus olhos fechados, atrás de uns óculos escuros, esperam que te diga o verso mais espontâneo sobre crinas de cavalo e tampax, mas que na verdade é sobre o tecido, o cetim verde por onde despontam os teus mamilos. E descobrir que isso é apenas metáfora para os dias felizes ou de qualquer outro livro esquecido num sótão desta rua, no coração de um defunto, ou no teu beijo que guardo no grandioso poente para lá das nuvens, o teu beijo réu, quando as luzes da cidade ofuscam as jovens aves nocturnas a caminho do mar ou jovens que não querem ter nem casa, nem carro, nem futuro, só simplesmente calar o violoncelo a cair violento sobre os ombros ou a noite opaca sobre o perfumado couro deste volante.