Põe a música mais alto e basta. Já não ouço o que queres dizer. Põe a 
música mais alto. À altura das tuas presas, dessa boca que dá para a 
água férrea de um rio sem peixes. Porque toda a beleza, toda a etérea 
beleza atrapalha no momento em que não te vendes por um bocado de terra,
 por um bocado de céu ou por um carro. Põe a música num sítio onde só os 
deuses a ouçam. Vem namorar para além do mar. Do cobertor quente das 
vozes. Põe a música tão alto que fiquemos surdos e roucos e deixa que os
 meus dedos e boca te percorram o corpo esguio, minha mais positiva 
aparição da dança, da sede.
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