marcadores

1.4.12

Em viagem baralho as cartas, abro a janela e cuspo. Cuspo o que parece ser verde e amargo. Começa por ser uma praia do norte com ondas sem sapatos, mas depois é uma cintura de luzes que se contorce cada vez mais longe atrás do farol,  uma geada de açúcar  que congela várias plantas, insectos e até o olhar que sempre falará da grande barragem. Às vezes é melhor não voltar a casa. Este comboio que pára em todas as estações sem entrar ou sair ninguém. Lento. Demasiadamente lento. Com abandonados romances de baixo relevo em letras douradas em baixo relevo e pastilhas estampadas no écran em viagem. Vomito paisagens como se estivesse de ressaca do mundo. Vomito enquanto passageiro um rapaz ao meu lado que se julga um homem sem alegria e que absurdamente nunca sonhou com o ruído de um revólver ou com a água e o lodo a cobrir a memória de uma casa ou com o cheiro a bolo e a mijo que se prende ao corpo no orfanato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário