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19.4.12

O som da tua roupa a cair no chão, do teu corpo a andar translúcido pelo quarto, a visão do teu cabelo quando corres, o teu sorriso de olhos fechados e atentos são coisas que ultrapassam o teu nome. Subi à tua janela para te acordar e fiquei a ver-te dormir. Podias ser mais do que crisálida e eu mais do que salgueiro que  a esta hora toca lunarmente com os braços nus na tua cama ou no jaguar estacionado há anos em frente à garagem. Dizem que a tua frieza é a de uma seita religiosa, mas para mim és relvado quente onde se pode livremente correr. Quantos físicos não dariam a natureza por um teorema sobre o teu cheiro? Quantos grandiosos raios de luz não dariam a vocação astral pela alegre cana do teu sorriso? Ser absolutamente feliz por irmos de noite mergulhar na solidão do mar frio, animais vestidos sem nome, nus para a vida, jovens para toda a vida.

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